quinta-feira, 28 de junho de 2012


ARTE E EVANGELIZAÇÃO JESUÍTICAS NA AMAZÔNIA SEISCENTISTA*
Karl Heinz  Arenz
Universidade Federal do Pará
RESUMO
O presente artigo analisa a produção arquitetônico-artística dos jesuítas na Amazônia Portuguesa na segunda metade do século XVII, especialmente entre 1663 e 1693, e sua importância para a evangelização dos índios e a pastoral entre os moradores. A produção e o uso de imagens e esculturas barrocas – geralmente com motives escatológicos – complementaram a doutrinação catequética. Quanto aos primeiros prédios, os colégios e as igrejas em São Luís e Belém tiveram – além de sua funcionalidade – um alto valor simbólico enquanto representação material do projeto inaciano num contexto de constante instabilidade. Sobretudo o padre João Felipe Bettendorff, reitor dos colégios e superior da Missão, se destacou como pintor e arquiteto neste período que conheceu uma primeira constituição do patrimônio jesuítico no Estado do Maranhão e Grão-Pará.

Palavras-chave: arte barroca, jesuítas, evangelização, Amazônia

ABSTRACT

The present article analyses the artistic production of the Jesuits in the Portuguese Amazon Region during the second half of the 17th century, especially between 1663 and 1693, and its importance for the evangelization of Indians and the pastoral work among settlers. The production of baroque-style pictures and sculptures – usually with eschatological motifs – complemented the catechetical indoctrination. Concerning the first buildings, colleges and churches in São Luís and Belém had – beyond their functionality – a high symbolic value as material representation of the Ignatian project in a context of permanent instability. In particular Father João Felipe Bettendorff, rector of the colleges and superior of the Mission, distinguished himself as painter and architect in this period that saw the beginnings of Jesuit patrimony in the Maranhão and Grão-Para State.

Key Words: baroque art, Jesuits, evangelization, Amazon Region

Introdução

O presente artigo visa elucidar o papel da produção artística material no contexto da evangelização jesuítica na Amazônia Portuguesa na segunda metade do século XVII. A análise tem como recorte temporal os reitorados e superioratos do padre João Felipe Bettendorff, que se estenderam de 1663 a 1693. Devido à sua longa pertença de trinta e sete anos à Missão do Maranhão, este inaciano luxemburguês acompanhou e testemunhou diretamente – muito mais do que o seu ilustre confrade português Antônio Vieira – a construção de um primeiro patrimônio substancial na Amazônia. Pelo fato de as obras arquitetônico-artísticas do referido período terem sido feitas em condições precárias num ambiente climático de difícil conservação, os vestígios materiais que se preservaram até hoje são relativamente poucas. De fato, o patrimônio jesuítico que se encontra hoje na Amazônia, remonta geralmente, salvo poucas exceções, ao século XVIII. Mas, este seria inconcebível sem os edifícios e artefatos do centênio anterior. O investimento da Companhia de Jesus na remodelação dos primeiros prédios, realizada logo nas primeiras décadas setecentistas – fase de relativa prosperidade dos colégios, aldeamentos e fazendas –, e na instalação de oficinas especializadas em ornamentação pictórica e escultórica, tem como base os conhecimentos adquiridos ao longo do século XVII.

Fora as pesquisas feitas por Serafim Leite e Paulo Ferreira Santos, a historiografia tradicional sobre a produção artística seiscentista dos jesuítas da Missão do Maranhão é parca1. A recente tese de Renata Maria de Almeida Martins é, neste sentido, uma contribuição de suma importância, sobretudo no que se refere ao patrimônio jesuítico no Pará2. No presente trabalho concentramo-nos, de maneira sucinta, na pessoa do padre João Felipe Bettendorff, administrador, jurista, cronista e, também, arquiteto e artista3. Abordaremos, primeiramente, a cultura barroca enquanto “modeladora” do imaginário da época. Em seguida, analisaremos a importância das imagens no contexto da catequização dos indígenas das três décadas em questão. De caráter superficial, o doutrinamento foi complementado com a vivacidade sugestiva de formas e cores, típica da arte barroca. As fontes da época atestam tanto a pintura de retábulos como o esculpimento de painéis, destinados ao culto e à catequese, na própria colônia. Enfim, apresentar-se-ão as duas fases seiscentistas da construção dos dois colégios e de suas respectivas igrejas enquanto prédios de valor tanto arquitetônico quanto simbólico, pois representaram a materialização do projeto missionário da Companhia de Jesus numa fase de crises e tensões que dificultaram a consolidação da Missão.

A “geografia-espelho” barroca além-mar

A cultura barroca, concebida na visão dramatizante e moralizante do catolicismo reformador do século XVI, veiculou a difusão de tradições religiosas de cunho lúdico e festivo nas terras ultramarinas conquistadas pelas coroas ibéricas. Sobretudo, o culto aos santos com suas ladainhas, procissões e confrarias tornou-se o eixo principal de uma religiosidade popular divulgada nas cidades fundadas nas colônias hispânicas e lusas. Tais fenômenos contribuíram, de maneira significativa, para a formação de uma identidade local nos núcleos urbanos do além-mar a partir do final do século XVI. Junto com as práticas religiosas migraram também conceitos artísticos e técnicas arquitetônicas Esta transferência marítima – protagonizada, sobretudo pela Companhia de Jesus – engendrou, nas palavras de Jean Meyer, uma verdadeira géographie-miroir ou “geografia-espelho” barroca no além-mar4.

Neste sentido, o Estado do Maranhão e Grão-Pará não foi uma exceção, sendo que as suas principais cidades, São Luís e Belém, ganharam, desde o início da colonização portuguesa em 1615-1616, feições ibero-barrocas mediante a construção de prédios militares (fortificações), eclesiásticos (igrejas, conventos) e administrativos (palacetes). Porém, as crises políticas e econômicas do século XVII, que afligiram de maneira aguda o Império Português e a precariedade desta colônia tardia, cuja rentabilidade principal provinha de um extrativismo florestal e uma agricultura extensiva pouco lucrativos, retardaram este processo5. Para se ter uma idéia dos contrastes, João Francisco Lisboa descreve São Luís nas vésperas do levante de 1684 assim: localização apertada numa ilha entre o mar e a mata, medo constante de incursões e revoltas indígenas, sentimento de isolamento em razão da chegada irregular dos navios, falta de uma mão-de-obra especializada e inventiva, métodos agrícolas inadequados, ausência de planejamento urbano (casas de palha, ruas irregulares e intransitáveis), alimentação rudimentar, comércio à base de produtos “grosseiros” (pano de chita, farinha de mandioca, peixe secado) e muitos engenhos de açúcar abandonados nos arredores (por causa da crise econômica dos anos 1670)6. A própria Missão do Maranhão da Companhia de Jesus, fundada em 1639, levou muito tempo para se consolidar. O fundador Luís Figueira morreu tragicamente em 1643; o seu sucessor como superior, Antônio Vieira, foi expulso em 1661, em razão de sua postura intransigente frente aos colonos pela qual ele pretendeu garantir o monopólio jurídico e pastoral sobre os índios, única mão-deobra servil disponível7. Um grupo relativamente jovem e inexperiente de missionários – entre os quais muitos estrangeiros como João Maria Gorzoni, Pedo Luís Consalvi e João Felipe Bettendorff – escapou do desterro e rearticulou aos poucos, desde 1663, as diversas atividades da Companhia8.

As imagens e sua finalidade didático-pastoral

Entre as numerosas preocupações destes “sobreviventes” constou, primordialmente, a continuação da atividade catequética entre os índios e da pastoral entre os moradores. Em sua crônica, mas também em sua extensa correspondência com o generalato, Bettendorff descreve em muitas passagens o recurso a imagens – tanto pictóricas (estampas e retábulos) como de vulto (estátuas) – para evangelizar9. Fora o padre luxemburguês, dois outros não portugueses, a saber, os irmãos João de Almeida, francês, e Baltasar de Campos, flamengo, contribuíram a difundir a arte devocional na Amazônia10. Um fato que chama atenção é que estes três jesuítas são originários de uma área cultural contígua que englobava então o norte da França, os Países-Baixos Espanhóis e o sul das Províncias Unidas, regiões nas quais o estilo barroco teve no século XVII importantes canteiros de obras; haja vista que esta área foi considerada como um front estratégico do catolicismo em relação aos países protestantes vizinhos como a Holanda e diversos principados alemães. A divulgação sistemática da cultura barroca constituiu assim um dos meios mais eficazes da reação católica. O próprio Bettendorff viu, enquanto aluno no colégio jesuítico da cidade de Luxemburgo nos anos 1630, as numerosas obras que acabaram de dar, dentro de poucas décadas, à capital de seu ducado natal um aspecto barroco11.

Na qualidade de testemunhas contemporâneas da implantação da nova arte católica em suas respectivas terras de origem, estes três europeus conheceram de perto a rica produção pictórica e escultórica no noroeste europeu, sobretudo em razão da importância da mesma para o fortalecimento da fé popular. Por isso, não é de se admirar que Baltasar de Campos e João de Almeida se destacaram como pintores hábeis na ornamentação da igreja do colégio de Belém em 1668: o primeiro na confecção de “painéis representando a vida do Cristo” na nova sacristia12; o segundo, “que, por ter sido companheiro de um engenheiro, sabia debuxar e pintar mui bem”, na pintura dos motivos dos altares laterais na igreja13.

Quanto ao próprio Bettendorrf, Serafim Leite apresenta-o como desenhista e pintor talentoso – mesmo sem ser “de ofício” –, fazendo primar o dom artístico sobre as outras qualidades do padre luxemburguês14. De fato, este pintou, conforme sua própria crônica, alguns meses após a sua chegada à Amazônia, em 1661, um retábulo para o altar da primeira capela na Missão dos Tapajós à qual ele foi 5 atribuído como missionário-residente. Esta pintura que não existe mais, expressa, de forma exemplar, a espiritualidade barroca jesuítica, pois representava a Virgem da Imaculada Conceição num cenário apocalíptico, ladeada pelos patronos da Companhia, isto é, Santo Inácio de Loyola, o fundador da Companhia, e São Francisco Xavier, o primeiro missionário jesuíta na Ásia15. O padre luxemburguês descreve os efeitos “cósmicos” desta pintura:

Fiz então um retábulo de morutim [sic], pintando ao meio Nossa Senhora da Conceição pisando em um globo a cabeça de serpente, enroscada ao redor delle, com Santo Ignacio à banda direita e S. Francisco Xavier à esquerda. À noite antecedente da festa em que se havia por [pôr] o altar, houve uns trovões, relampagos e coriscos, tão terriveis que todos os indios sahiram para fóra das casas, e parecia que se ia acabando o mundo. Disseram-me depois que tinham visto no Céo uma mão com um lenço branco que ia limpando o sangue derramado pelo Céo; em dia seguinte lhes fiz uma pratica sobre a Conceição da Immaculada Virgem Senhora Nossa, e disse que este signal foi alguma cousa, foi prognostico de um grande castigo que a Senhora havia de remediar. Ainda mal, que logo se seguiu o levantamento do Pará com expulsão dos Missionarios e ao depois deram os Portuguezes guerra aos Aruaquizes daquelle sertão, onde houve grande derramamento de sangue dos indios; porém nunca dei credito a este signal16.

Já vinte anos depois, em 1681, Bettendorff ornamentou a capela em Gurupatuba (atualmente Monte Alegre), outra missão estratégica, com um motivo mariano e uma cruz, símbolo ordenador dos aldeamentos17. Em 1695, o padre luxemburgês, em meio a uma epidemia que estava assolando o Maranhão e o Grão-Pará, expôs dois painéis feitos por ele na capela da Missão de Parijó, perto de Cametá no Baixo- Tocantins. Um mostrou a Virgem do Socorro – segundo a crônica, pintada com tinta vinda do Reino – e o outro São Francisco Xavier. Bettendorff sublinha que as duas imagens, exibidas naquela fase difícil, foram vivamente recomendadas à veneração geral, servindo assim como meio supostamente eficaz para diminuir os efeitos da epidemia e impedir a fuga dos índios, reação muito comum em tais circunstâncias18. Neste contexto é importante assinalar que o aldeamento de Cametá abrigava, no final do século XVII, escultores indígenas de alta perfeição. No início dos anos 1690, Bettendorff encomendou quarenta e dois retábulos para a igreja de Belém. Este fato aponta para a crescente profissionalização dos índios na produção escultórica. Porém, a fabricação dos painéis pôs problemas por causa de uma epidemia19.

Bettendorff combinou o seu talento com uma percepção muito nítida da importância dos efeitos visuais para uma pastoral acomodada à realidade. Sem dúvida, a dimensão simbólica, veiculada pelos retábulos, estampas e estátuas, constituiu um fator fundamental no processo da crescente coesão social e homogeneização etnocultural no interior dos aldeamentos onde a matriz indígena continuava dominante20.

De fato, os costumes indígenas praticados dentro e fora das missões do século XVII – Bettendorff aponta na sua crônica para festas com “contínuas beberronias e danças” realizadas em terreiros afastados21 – devem ser entendidos no contexto de uma busca por complementaridade e equilíbrio. Segundo o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, a referida procura dos índios reflete, de um lado, a constante afirmação grupal por meio de atos de coragem individuais (vingança) e momentos de festança comunitária (dança) e, de outro lado, a grande atenção à memória coletiva através da ingerência cerimonial de bebidas fermentadas à base e mandioca; haja vista que a embriaguez foi considerada como um estado que impede o esquecimento e que presentifica o passado22. Apesar da decalagem evidente entre a mensagem “absoluta” dos missionários e a busca dos índios pelo “complementar”, havia algumas coincidências aparentes entre a doutrina católica e as crenças xamânicas que os jesuítas sabiam aproveitar para sua evangelização: a idéia de imortalidade da alma, a convicção de uma retribuição pelos atos individuais após a morte e a iminência de uma catástrofe apocalíptica23. É neste contexto que se explica o uso freqüente de estampas com motivos escatológicos – sobretudo imagens representando cenas das supostas punições no inferno ou das delícias no céu – que deixaram, segundo Bettendorff, uma impressão profunda nos catecúmenos e neófitos indígenas24. Esta pedagogia de intimidação foi usada tanto na doutrina da catequese como no sacramento da confissão; sendo que no último caso, os religiosos se contentaram com a simples atrição – ao invés da contrição – provocada pelas imagens25. Neste contexto, é bom realçar que os missionários, não reconhecendo o pano de fundo simbólico e ordenado da cosmovisão xamânica, atribuíram geralmente as reações dos ameríndios a um mero impulso natural espontâneo que, na concepção dos primeiros, careceu de qualquer reflexão racional26. Contudo, a “teologia da graça” – uma reinterpretação jesuítica do pensamento tomista pelo padre Luís de Molina (1535-1600) – ofereceu uma certa brecha mediante a insistência na incondicionalidade da eficácia da graça divina, independente de circunstância ou cultura.27 Por isso, quando a comunicação verbal chegou a seus limites, os religiosos recorriam aos efeitos audiovisuais da arte barroca com suas imagens e cantos para tornar eficaz a mensagem “salvífica”.

Destarte, já a partir da segunda metade do século XVII, os inacianos conseguiram impor uma linguagem e um imaginário – se não novos – ao menos alargados e acomodados. A arte barroca teve um papel fundamental nesta remodelação cultural e lingüística. Os momentos lúdicos e devocionais da catequização empregaram diversos elementos artísticos da época que apelaram aos sentidos (sons, cores, luzes). Sobretudo as chamadas “práticas da noite” foram encenadas neste intuito. Após a repetição da doutrina matinal, formou-se uma procissão com tochas e pendões que atravessava a praça principal rumo ao cemitério, sob a entoação de orações cantadas que tinham sido ensinadas anteriormente às crianças do aldeamento28. Diferente da doutrina, as ladainhas com seus cantos e imagens foram raramente suprimidas, sobretudo durante as viagens e expedições pelos rios da Amazônia29. Esta pedagogia audiovisual barroca, baseada tanto na distração como na intimidação dos índios, foi aplicada em todas as áreas de missionação jesuítica30.

Contudo, o uso de imagens também foi corrente na pastoral junto aos colonos e nos próprios hábitos dos missionários. Assim, em 1671, Bettendorff realça, na sua carta ânua, a exibição de um presépio na residência de Gurupi na época natalina: “Eu deixei Belém no mês de dezembro [de 1670] e, por volta da festa do Natal do Senhor, cheguei à residência em Gurupi, onde os padres montaram um presépio impressionante. Eles atraíram assim, de modo admirável, todo o povo”31. Na mesma missiva, o superior da Missão descreve a impressão causada em São Luís pela exposição de estátuas representando os diferentes momentos da paixão e morte de Cristo durante a Semana Santa de 1671. Ele escreve que na igreja do colégio

são exibidas – no fim da meditação [pregação de cunho moral] – grandes estátuas representando o Senhor Cristo: ora orando no Horto [das Oliveiras], ora preso, ora flagelado, ora coroado [de espinhos], ora apresentado ao povo, ora carregando a cruz e, finalmente, pregado nela. Em lugar nenhum vi algo mais bonito, em nenhum outro notei quantidade maior de lágrimas derramadas32.

Os próprios jesuítas levaram em suas viagens pelo mar e pelos rios imagens e estampas para a realização das devoções costumeiras e, sobretudo, para usá-las em momentos de perigo de naufrágio. Bettendorff evoca uma cena deste gênero que aconteceu na travessia de São Luís para Belém, pois diariamente “todos nós venerávamos uma imagem belamente pintada de São Francisco Xavier – a cujo suporte eu tinha fixado uma estampa representando Nossa Senhora Imaculada – mediante uma devoção deixada pelo venerável Padre Almeida”33.

Estes exemplos mostram o quanto a veiculação de imagens esculpidas, pintadas ou impressas – produzidas na colônia ou trazidas da Europa para fins de doutrinação catequética ou de veneração ostensiva – foi comum na Amazônia do século XVII. Os principais agentes sociais da época, isto é, índios, colonos e missionários, estiveram, assim, em contato contínuo com esta produção pictórica e escultórica no quadro de uma religiosidade de cunho lúdico-popular.

Os prédios e sua função simbólica

No que diz respeito à produção arquitetônica, ela seguiu também os moldes do barroco ibérico. De fato, no século XVII, na medida em os núcleos urbanos no alémmar se hierarquizaram socialmente em razão da crescente diversidade de funções administrativas, econômicas e eclesiásticas, eles se dotaram de uma primeira infraestrutura patrimonial. Conventos, igrejas, colégios, palacetes e hospitais – as casas de misericórdia – marcaram cedo a silueta de muitas cidades lusas na Ásia (Goa, Macau), África (Luanda) e América (Salvador, Recife, Olinda, São Luís, Belém)34. No que se refere à Amazônia, Bettendorff realça, em 1698, a contribuição jesuítica para um primeiro aprimoramento urbanístico nesta colônia periférica e precária35.

Os escritos do padre luxemburguês apontam, sobretudo a partir do final dos anos 1660, para uma fase mais intensa de construção e/ou reforma dos colégios e igrejas nas duas cidades amazônicas. A cidade de São Luís, a sede da Missão, teve uma clara prioridade em vista de um patrimônio representativo, sobretudo durante a presença de Antônio Vieira nos anos 1650. Já na década seguinte, Belém começa a se destacar como novo lugar de referência da atividade – e da construção – jesuítica; sem dúvida, em razão de sua função de ponto de partida para o vasto vale do Amazonas com seu labirinto de afluentes36. A centralidade e a relativa suntuosidade das casas – elevadas à categoria de colégio em 167037 – e das igrejas realçaram, de forma bem visível, a importância da Companhia de Jesus. Esta executou a partir destes complexos suas múltiplas atividades pastorais, litúrgicas, educativas, administrativas, assistencialistas, artísticas, econômicas e até políticas38.

Seguindo a ordem cronológica, começaremos, pois, com o patrimônio arquitetônico erguido pela Companhia em São Luís durante o século XVII. Segundo Serafim Leite, houve uma primeira construção que consistia de um “corredor”, isto é, de um simples prédio retangular, feito por ordem do padre Luís Figueira, em 1627. Devido à resistência dos colonos, às invasões holandesas e à morte de Figueira, a obra só foi retomada, em 1659, pelo padre Antônio Vieira. Este havia encontrado uma capela e uma casa simples e funcional com “livraria [biblioteca], rouparia, botica, sacristia” e dez cubículos, à qual ele mandou – com a ajuda do irmão e “engenheiro” João de Almeida – “acrescentar um corredor novo de pedra e cal” para adaptar a residência ao número crescente de missionários. A nova ala elevou o total de cubículos a vinte. A casa dispôs, além disso, de um terraço ao invés de um teto para fins de meditação e distração39. Este fato mostra o pragmatismo de Vieira que pensou na necessidade pessoal e espiritual dos missionários de ter um espaço para se retirar e recolher.

Após este alargamento, novas remodelações foram feitas no ano de 1681, sob a direção do padre Gonçalo de Veras. Porém, uma polêmica que envolveu os padres Antônio Vieira, João Felipe Bettendorff, Pedro Luís Consalvi e, também, Antônio Pereira, antecedeu esta reforma; sobretudo, no que se refere à construção de uma nova igreja. Os três primeiros mandaram propostas divergentes para a construção ao generalato. Bettendorff alegou que sua planta, além de ter o apoio da maioria dos padres, já fora aprovada pelo Superior Geral em 167640. Porém, a sua sugestão, que previa também a construção de um novo corredor, acabou sofrendo diversas modificações. Apesar da querela, a primeira pedra da nova igreja foi lançada em 1679. Mas já no ano seguinte, o visitador Pedro Pedrosa mandou parar a obra41.

O canteiro do templo e a reforma da casa continuaram somente depois do levante de 1684, sendo que os trabalhos foram retomados, em 1688-1689, sob a orientação de Manuel da Silva, um irmão jesuíta com experiência em arquitetura. Na época, Bettendorff incentivou este reinício em sua função de reitor no Maranhão (1688- 1990) e de superior da Missão (1690-1693)42. No final deste seu terceiro mandato à frente da Missão, o padre luxemburguês deixou “o debuxo da nova igreja, com seu frontispício e retábulo feitos por minha mão” ao seu sucessor Bento de Oliveira. Este, porém, impôs algumas modificações no sentido de diminuir a altura prevista do prédio e, também, o número de janelas. Bettendorff havia planejado uma igreja elevada, isto é, arejada e iluminada; portanto bem adaptada ao clima tropical. Também o frontispício saiu menos suntuoso do que concebido pelo luxemburguês. Ao invés de uma estátua da Virgem da Luz, padroeira do templo, o monograma da Companhia, que consiste nas letras gregas latinizadas IHS – as iniciais do nome de Jesus – ornou doravante a frente do prédio. Contudo, o retábulo do altar-mor desenhado por Bettendorff foi executado “na conformidade indicada”43. Fora o relicário do mártir São Bonifácio, trazido por Vieira nos anos 1650, destacaram-se na nova igreja as estátuas da Virgem da Luz e dos dois santos jesuíticos, Santo Inácio e São Francisco Xavier. A nova igreja, terminada em 30 de julho de 1699, isto é, bem no fim do século, foi solenemente inaugurada pelo segundo bispo do Maranhão, D. Timóteo do Sacramento44. O padre Fructuoso Correa destaca, num relatório de 1696, a suntuosidade da igreja do colégio em São Luis que, segundo ele, teve como modelo a planta do Colégio Madre de Deus em Lisboa45.

Quanto ao colégio em Belém, ele remonta à vinda dos padres João Souto-Maior e Francisco Velloso à cidade em 1652. Estes dois jesuítas chegaram com a recomendação de D. João IV de “construir igrejas” no Grão-Pará. O primeiro estabelecimento em Belém encontrava-se na Campina, isto é, nos arredores do núcleo habitacional de então, num sítio cedido pelos mercedários; mas logo os jesuítas se mudaram para o lado do forte. Sito num ponto estratégico, a nova residência inaciana tornou-se uma referência importante na ainda jovem cidade. Segundo Leite, o primeiro prédio foi terminado entre 1656 e 1658, na época do visitador Francisco Gonçalves46. Em 1667-1668, por ocasião da visitação do padre Manuel Juzarte, que coincidiu com o início do primeiro superiorato de Bettendorff, a casa e a igreja foram renovadas. Tratou-se, sobretudo, da substituição da primeira capela de taipa, erguida em 1653. Bettendorff a descreveu – junto com a sacristia – como “pequenas cabanas feitas com folhas de palmeira47”. A reforma foi realizada no contexto de uma conjuntura política relativamente favorável, marcada pela ascensão do príncipe-regente D. Pedro II em 166748. A sagração da nova igreja de Belém ocorreu na festa de seu santo padroeiro, São Francisco Xavier, em 3 de dezembro de 1668. Bettendorff diz, na cerimônia de inauguração “que a igreja é semelhante à esfera de Arquimedes que engloba o céu e a terra em miniatura”49. Como já mencionado acima, uma parte da decoração interior da nova igreja foi realizada pelos irmãos João de Almeida e Baltasar de Campos. Finalmente, houve uma última remodelação dos prédios que iniciou em 1692. Este novo canteiro resultou no conjunto – inaugurado em 1718 – que conhecemos até hoje 50.

Para construir este patrimônio artístico-arquitetônico na Amazônia, os jesuítas contaram com o saber de seus próprios membros e de profissionais leigos. Quanto à mão-de-obra indígena, as fontes jesuíticas se calam. Em contraste com este silêncio, Leite realça que, na segunda metade do século XVII, havia cinco peritos em arquitetura que pertenceram à Missão do Maranhão51. São eles: o francês João de Almeida, o luxemburguês João Felipe Bettendorff e os portugueses Manuel Rodrigues, Diogo da Costa e Manuel da Silva. Trata-se, portanto, de um grupo diversificado quanto às origens e aos conhecimentos. Entre um total de vinte e um arquitetos inacianos em todo o Brasil entre 1549 e 1759, este número elevado para a Amazônia revela a importância dada à construção nesta Missão periférica. Para financiar as obras, houve – além de somas provindas da atividade econômica da Missão – sobretudo a contribuição de amigos leigos que, muitas vezes, ocuparam altos cargos na colônia e integraram uma confraria sob a direção de um padre jesuíta. Um exemplo ilustre destes benfeitores é o capitão Paulo Martins Garro52.

O amplo interesse técnico de Bettendorff – no que se refere à construção de prédios – manifestou-se também por meio dos conselhos práticos que ele deu para o erguimento de capelas e residências no vasto interior da Missão. Assim, ele recomendou como método eficaz uma determinada maneira de fabricar tijolos e de secar vigas e esteios, conforme ele vira, em 1655, nos colégios de Dinant e Huy, nos Países-Baixos Espanhóis, onde ele atuava como professor estagiário. De fato, tijolos sólidos e vigas bem secadas eram imprescindíveis para a construção no clima úmido do noroeste europeu, sua região natal53. Vê-se assim o quanto a preocupação de dispor de um patrimônio sólido e representativo motivou os inacianos no século XVII na conjuntura conflituosa que envolveu a Missão do Maranhão.

Considerações finais

Em poucas épocas, as produções artísticas ocuparam um lugar tão central no projeto evangelizador como do século XVI ao XVIII, marcados pela cultura  arroca. De inspiração católica, esta se espalhou por todos os continentes, sobretudo graças à expansão ibérica e – estreitamente ligado a ela – ao zelo missionário dos inacianos. Os colégios jesuíticos em Goa, Macau, Luanda, Salvador, Recife e, também, em São Luís e Belém o comprovam.

Embora a Amazônia constituísse neste período uma colônia tardia e precária – a colonização lusa só iniciou em 1616 e a única fonte de exploração lucrativa foi o  extrativismo florestal –, os jesuítas conseguiram expandir a rede de aldeamentos e assegurar um controle estrito sobre os índios. Neste processo, os efeitos impactantes de imagens coloridas ou prédios vistosos sobre uma população ameríndia tida como rude foram essenciais. De fato, estampas representando diversos santos ou mostrando cenas das chamas infernais e do gozo celestial, “ilustraram” uma catequese repetitiva. Os jesuítas que não procuraram “civilizar” no sentido moderno de uma adaptação total aos modos europeus, se contentaram com uma evangelização superficial marcada por elementos lúdicos que emanaram da cultura barroca. Esta facilitou, ao menos aparentemente, a mediação cultural. Nos encontros e desencontros entre missionários inacianos e missionados indígenas do século XVII origina-se o imaginário neo-barroco dos amazônidas de hoje.

Quanto à pessoa de João Felipe Bettendorff que se destacou neste período, ele se tornou, tanto por seu talento artístico como por sua eficiência administrativa enquanto reitor, procurador e superior, um promotor importante da construção de um patrimônio sólido no século XVII; época, aliás, marcada por muitas crises internas e externas que afetaram a atuação dos jesuítas na Amazônia. O padre luxemburguês contribuiu significativamente para que fossem lançados os alicerces para um conjunto artístico-arquitetônico de gênero próprio que, aperfeiçoado e ampliado na primeira metade do século XVIII, veio até nós.

* Texto baseado em comunicação proferida no quadro da mesa-redonda “Arte e Religião: Jesuítas na Amazônia”.


1 Ver LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. V. III. Rio de Janeiro/ Lisboa: Instituto Nacional do Livro/Livraria Portugalia, 1943; SANTOS, Paulo Ferreira. O barroco e o jesuítico na arquitetura do Brasil. Rio de Janeiro: Kosmos, 1951.

2 Ver MARTINS, Renata Maria de Almeida. Tintas da terra – tintas do reino: arquitetura e arte nas Missões Jesuíticas do Grão-Pará (1653-1759). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009. Tese de doutorado defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

3 Ver LEITE, Serafim. Pintores jesuítas do Brasil (1549-1760). Archivum Historicum Societatis Iesu, v., 20, n. 2, p. 216, julho-dezembro 1951; id. Artes e ofícios dos jesuítas no Brasil: 1549-1760. Lisboa/Rio de Janeiro: Brotéria/Livros de Portugal, 1953. p. 131; id. História da Companhia de Jesus no Brasil. V. VIII. Rio de Janeiro/ Lisboa: Instituto Nacional do Livro/Livraria Portugalia, 1949. p. 98-99.

4 Ver MEYER, Jean. Missions et relations maritimes (XVIe-XIXe siècles). In: PAISANT, Chantal (Dir.). La mission en textes et images (XVIe-XVIIIe siècles). Paris: Karthala, 2004. p. 194.

5 A economia portuguesa sentiu fortemente os impactos da crise econômica de meados do século XVII em razão de suas finanças arruinadas (invasões holandesas e querelas com a Espanha), da perda de entrepostos na Ásia e da concorrência inglesa, francesa e holandesa. Ver ALENCASTRO, Luiz Felipe de. L’économie politique des découvertes maritimes. In: NOVAES, Adauto (Dir.). L’autre rive de l’Occident. Paris: Métailié, 2006. p. 67-76; MAURO, Frédéric. Des produits et des hommes: essais historiques latino-américains (XVIe-XXe siècles). Paris: École Pratique des Hautes Études, 1972. p. 80. 13

6 Ver LISBOA, João Francisco. Obras de João Francisco Lisboa. T. 3. São Luís: Typ. de B. de Mattos, 1865/1866. p. 174-179.

7 Com respeito à política de Vieira, ver SILVA, Mara Beatriz Nizza da. Vieira e os conflitos com os colonos do Pará e Maranhão. Luso-Brazilian Review, Madison, v. 40, n. 1, p. 79, verão 2003

8 Ver ARENZ, Karl Heinz. Entre extinção e consolidação: a crise interna da Missão do Maranhão no século XVII. In: NEUTZLING, Inácio (Org.). A experiência missioneira: território, cultura e identidade. São Leopoldo: Casa Leiria, 2010. p. 168-173. Atas do XII Simpósio Internacional IHU, 2010, UNISINOS, São Leopoldo.

9 BETTENDORFF, João Felipe. Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. Belém: Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves/Secretaria de Estado da Cultura, 1990 [1698]. Com relação à crônica e às cartas de Bettendorff, ver ARENZ, Karl Heinz. De l’Alzette à l’Amazone: Jean-Philippe Bettendorff et les jésuites en Amazonie portugaise (1661-1693). Luxembourg: Institut Grand-Ducal, 2008. p. 207-217. Publications de la Section historique, CXX.

10 Ver LEITE, Pintores jesuítas do Brasil, op. cit., p. 216 e 221-223; id. Artes e ofícios dos jesuítas, op. cit., p. 113, 130-133 e 138. Os sobrenomes de João de Almeida e Baltasar de Campos foram aportuguesados.

11 Ver SCHMITT, Martin. Jesuitenarchitektur in Luxemburg. Hémecht – Revue d’histoire luxembourgeoise, v. 46, n. 1, p. 37-47, 1994. O autor destaca a transformação barroca da cidade no início do século XVII.

12 Ver carta ânua de BETTENDORFF ao Superior Geral Gian Paolo Oliva, São Luís, 21/07/1671. ARSI, cód. Bras 9, fl. 265v. Trecho citado traduzido do latim pelo autor.

13 Ver BETTENDORFF. Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 254-255. Bettendorff lamenta que os ornamentos de Almeida não se preservaram pelo fato de eles terem sido reproduzidos em papel.

14 Ver LEITE, Pintores jesuítas do Brasil, op. cit., p. 216; id. Artes e ofícios dos jesuítas, op. cit., p. 131; id. HCJB (VIII), op. cit., p. 98-99.

15 Ver BOXER, Charles. O império marítimo português: 1415-1825. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 248.

16 BETTENDORFF. Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 169.

17 Ver ibid., p. 341. Referente à centralidade do cruz e do cruzeiro, ver ARENZ, De l’Alzette à l’Amazone, op. cit., p. 188.

18 Ver BETTENDORFF. Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 592-593 e 662.

19 Ver ibid., p. 248.

20 Ver ARENZ, De l’Alzette à l’Amazone, op. cit., p. 168-191 e 618-622.

21 Ver ibid., p. 171.
22 Ver CASTRO, Eduardo Viveiros de. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac & Naify, 2002. p. 233-241 e 248-262.

23 Ver ibid., p. 224-225

24 Ver BETTENDORFF, Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 489; LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. V. IV. Rio de Janeiro/ Lisboa: Instituto Nacional do Livro/Livraria Portugalia, 1943, p. 255-257.

25 A atrição, considerada suficiente para os indígenas, requeria um arrependimento em conseqüência do medo da punição. Já a contrição, exigida dos portugueses, pressupôs um arrependimento decorrente da consciência da gravidade das faltas cometidas. Ver ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul – séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 164.

26 Com respeito à visão jesuítica das práticas indígenas, ver AGNOLIN, Adone. O apetite da antropologia: o sabor antropofágico do saber antropológico – alteridade e identidade no caso tupinambá. São Paulo: Humanitas, 2005, p. 105-131.

27 Ver ARENZ, De l’Alzette à l’Amazone, op. cit., p. 160-168; QUILLIET, Bernard. L’acharnement théologique:
histoire de la grâce en Occident – IIIe-XXIe siècles. Paris: Fayard, 2007, p. 338-341

28 Ver VIEIRA, Antônio. Visita. In: LEITE, HCJB (IV), op. cit., p. 112 (§ 16); BETTENDORFF, Crônica dos
Padres da Companhia, op. cit., p. 354.

29 Ver ibid., p. 313, 493 e 666.

30 Ver AYMORÉ, Fernando Amado. Mission und Glaubenskampf auf der Bühne: Instrumentalisierung des Visuellen im Katechismustheater der Jesuiten. Beispiele aus Brasilien, Japan und Deutschland zwischen 1580- 1640. In: MEIER, Johannes (Ed.). “ … usque ad ultimum terrae”: die Jesuiten und die transkontinentale Ausbreitung des Christentums, 1540-1773. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 2000, p. 69-71.

31 Ver carta ânua de BETTENDORFF ao Superior Geral Gian Paolo Oliva, São Luís, 21/07/1671. ARSI, cód. Bras 9, fl. 264r. Trecho citado traduzido do latim pelo autor.

32 Ibid., fl. 261v. Trecho citado traduzido do latim pelo autor.

33 Ibid., fl. 265v. Trecho citado traduzido do latim pelo autor.

34 Ver MAURO, Des produits et des hommes, op. cit., p. 167. O autor se refere às cidades de Recife, Olinda, e Bahia nos séculos XVI e XVII. Quanto às casas da misericórdia em Belém, ver BETTENDORFF. Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 219. Relativo à casa de misericórdia em São Luís, ver consulta do Conselho Ultramarino junto ao rei D. Afonso VI, 10/05/1662, AHU, cód. ACL-CU-009, cx. 4, doc. 00449.

35 Ver BETTENDORFF, Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 17-19 (São Luís) e 22-24 (Belém).

36 Ver id., De l’Alzette à l’Amazone, op. cit., p. 85-86.

37 Ver carta ânua de BETTENDORFF ao Superior Geral Gian Paolo Oliva, São Luís, 21/07/1671. ARSI, cód. Bras 9, fl. 266v.
38 Com respeito ao papel pedagógico e econômico dos colégios, ver CHAMBOULEYRON, Rafael; NEVES NETO, Raimundo Moreira de. Jesuítas, moradores e colégios na Amazônia colonial. In: IX JORNADA DO HISTEDBR, 2010, Belém. História, sociedade e educação no Brasil: o nacional e o local na história da educação. Disponível online: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada9/trabalhos. html>. 19 p. Acesso em: 15 fev. 2011.

39 BETTENDORFF, Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 144. Ver também LEITE, HCJB (III), op. cit., p. 104-107 e 118-119.

40 Ver cartas de BETTENDORFF ao Superior Geral Gian Paolo Oliva, São Luís. ARSI: cód. Bras 27, fl. 2v (catálogo da Missão, 1671); cód. Bras 26, fl. 47r (07/05/1678); cód. Bras 26, fl. 40r (12/11/1676); cód. Bras 26, 43r-43Ar (20/09/1677).

41 Ver carta de BETTENDORFF ao Superior Geral Gian Paolo Oliva, São Luís, 01/11/1679. ARSI, cód. Bras 26, fl. 65v ; id., Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 338.

42 Ver ibid., p. 502-506 e 519-521.

43 Ver ibid., p. 532 e 567-569.

44 Ver LEITE, HCJB (III), op. cit., p. 120-122.

45 Ver relação de Fructuoso CORREA, São Luís, véspera de Pentecostes de 1696. ARSI, cód. Bras 9, fl. 419r.

46 Ver LEITE, HCJB (III), op. cit., p. 208-211; BETTENDORFF, Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 74-75.

47 Carta de BETTENDORFF ao Superior Geral Gian Paolo Oliva, São Luís, 11/08/1665. ARSI, cód. Bras 26,, fl. 13v. Trecho traduzido do latim pelo autor.

48 D. Pedro iniciou logo uma política reformadora, buscando mais investimento nas colônias, contando com o apoio dos jesuítas. Ver LABOURDETTE, Jean-François. Histoire du Portugal. Paris: Fayard, 2000, p. 348-364.

49 Carta ânua de BETTENDORFF ao Superior Geral Gian Paolo Oliva, São Luís, 21/07/1671. ARSI, cód. Bras 9, fl. 261v. Citação traduzida do latim pelo autor.

50 Ver LEITE, HCJB (III), op. cit., p. 211-216; BETTENDORFF, Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 250 e 253-255; SANTOS, O Barroco e o Jesuítico na arquitetura, op. cit., p. 108.

51 Ver LEITE, Artes e ofícios dos jesuítas, op. cit., p. 42

52 Ver BETTENDORFF, Crônica dos Padres da Companhia, op. cit., p. 247-248.

53 Ver carta de BETTENDORFF ao Superior Geral Gian Paolo Oliva, São Luís, 07/02/1671. ARSI, cód. Bras 3 II, fl. 111r.

Referências

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IV. Rio de Janeiro/ Lisboa: Instituto Nacional do Livro/Livraria Portugalia, 1943. P. 106-124.
Karl Heinz Arenz é professor de história da Universidade Federal do Pará. Em 2007, obteve
o doutorado na Université Paris 4-Sorbonne com uma tese sobre os jesuítas na Amazônia
Portuguesa durante a segunda metade do século XVII.



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