terça-feira, 25 de setembro de 2012

Parte: 03 Resumos Das Falas Da 1ª Mesa Redonda


AS MISSÕES JESUÍTICAS E FAZENDAS NO ENTORNO DE BELÉM: AS MISSÕES DE MORTIGURA E SUMAÚMA

Frederik Luizi Andrade de Matos (mestrando PPHIST/UFPA)

            O trabalho catequético na região amazônica durante os séculos XVII e XVIII foi conduzido pelos missionários de diversas ordens religiosas: franciscanos (divididos em suas três Províncias: Santo Antonio, Piedade e Conceição), mercedários, carmelitas e jesuítas, se empenharam na tarefa de expandir a fé católica e o reino português nos chamados “sertões” amazônicos. Mas entre todas as ordens, os jesuítas se destacaram nesse trabalho missionário, tanto pela sua organização para atuarem nas diversas aldeias administradas por seus padres, como também para a definição de uma chamada política indigenista para o Estado do Maranhão e Grão-Pará.

Passaram pelo Maranhão durante o período em que os jesuítas permaneceram na região, uma grande quantidade de padres que marcaram seus nomes na história da Amazônia – seja a partir de seus feitos; seus escritos, cartas e crônicas; ou pela sua atuação no tocante a questão indígena, principalmente com relação ao acesso a essa mão-de-obra buscada pelos colonos – entre eles destacam-se os padres Luis Figueira, Antonio Vieira, João Felipe Bettendorff e João Daniel. Esses homens contribuíram para a formatação do trabalho missionário jesuítico na Amazônia, porém, tanto estes como os outros inacianos sofreram com as críticas e acusações formuladas pelos colonos.

Buscaremos neste presente trabalho então situarmos neste contexto de conformação da Companhia de Jesus no Maranhão mostrar como se deu a instalação de duas aldeias jesuíticas próximas a Belém, Mortigura e Sumaúma, durante o século XVII, que depois foram transformadas em vilas com os nomes de Barcarena e Abaetetuba. Tentaremos demonstrar como era o cotidiano desses lugares, a partir de relatos de um dos mais famosos cronistas jesuítas, a crônica do padre João Felipe Bettendorff, que durante algum tempo trabalhou como missionário na aldeia de Mortigura, e também da documentação produzida nesse período, principalmente no que se referia ao trato e convívio com o indígena.

A partir do exemplo dessas aldeias podemos avaliar a produção de um patrimônio material vinculado aos inacianos, principalmente no que se referiam a residências dos padres, as igrejas, ornamentos religiosos, e principalmente fazendas com produção de uma agricultura sustentável, organizada pelos padres. Esse patrimônio também se vinculava ao Colégio de Santo Alexandre em Belém, já que durante algum tempo a aldeia de Mortigura esteve ligada diretamente ao Colégio. Cabe destacar como os missionários administravam suas fazendas, e o modo de produção desenvolvido nessas localidades, gerando uma produção agrícola e lucros, acarretando críticas por parte dos colonos e autoridades régias por conta desse possível comércio e lucro efetuado pelos religiosos, durante os anos em que os inacianos atuaram no Estado do Maranhão e Grão-Pará.

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