AS MISSÕES
JESUÍTICAS E FAZENDAS NO ENTORNO DE BELÉM: AS MISSÕES DE MORTIGURA E SUMAÚMA
Frederik Luizi
Andrade de Matos (mestrando PPHIST/UFPA)
O
trabalho catequético na região amazônica durante os séculos XVII e XVIII foi
conduzido pelos missionários de diversas ordens religiosas: franciscanos
(divididos em suas três Províncias: Santo Antonio, Piedade e Conceição),
mercedários, carmelitas e jesuítas, se empenharam na tarefa de expandir a fé
católica e o reino português nos chamados “sertões” amazônicos. Mas entre todas
as ordens, os jesuítas se destacaram nesse trabalho missionário, tanto pela sua
organização para atuarem nas diversas aldeias administradas por seus padres,
como também para a definição de uma chamada política indigenista para o Estado do
Maranhão e Grão-Pará.
Passaram pelo
Maranhão durante o período em que os jesuítas permaneceram na região, uma
grande quantidade de padres que marcaram seus nomes na história da Amazônia –
seja a partir de seus feitos; seus escritos, cartas e crônicas; ou pela sua
atuação no tocante a questão indígena, principalmente com relação ao acesso a
essa mão-de-obra buscada pelos colonos – entre eles destacam-se os padres Luis
Figueira, Antonio Vieira, João Felipe Bettendorff e João Daniel. Esses homens
contribuíram para a formatação do trabalho missionário jesuítico na Amazônia,
porém, tanto estes como os outros inacianos sofreram com as críticas e
acusações formuladas pelos colonos.
Buscaremos neste
presente trabalho então situarmos neste contexto de conformação da Companhia de
Jesus no Maranhão mostrar como se deu a instalação de duas aldeias jesuíticas
próximas a Belém, Mortigura e Sumaúma, durante o século XVII, que depois foram
transformadas em vilas com os nomes de Barcarena e Abaetetuba. Tentaremos
demonstrar como era o cotidiano desses lugares, a partir de relatos de um dos
mais famosos cronistas jesuítas, a crônica do padre João Felipe Bettendorff,
que durante algum tempo trabalhou como missionário na aldeia de Mortigura, e
também da documentação produzida nesse período, principalmente no que se
referia ao trato e convívio com o indígena.
A partir do
exemplo dessas aldeias podemos avaliar a produção de um patrimônio material
vinculado aos inacianos, principalmente no que se referiam a residências dos
padres, as igrejas, ornamentos religiosos, e principalmente fazendas com
produção de uma agricultura sustentável, organizada pelos padres. Esse
patrimônio também se vinculava ao Colégio de Santo Alexandre em Belém, já que
durante algum tempo a aldeia de Mortigura esteve ligada diretamente ao Colégio.
Cabe destacar como os missionários administravam suas fazendas, e o modo de
produção desenvolvido nessas localidades, gerando uma produção agrícola e
lucros, acarretando críticas por parte dos colonos e autoridades régias por
conta desse possível comércio e lucro efetuado pelos religiosos, durante os
anos em que os inacianos atuaram no Estado do Maranhão e Grão-Pará.
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